Há pouco mais de um ano, um vídeo inesperado foi transmitido ao público durante o lançamento de um foguete Atlas V da United Launch Alliance (ULA), que transportava três satélites confidenciais para a Força Espacial dos EUA e o Escritório Nacional de Reconhecimento. Este evento trouxe à tona um problema preocupante na carenagem de carga útil. Em missões com essa classificação de segurança nacional, é comum que o governo solicite ao provedor de lançamento a interrupção das atualizações após o foguete liberar sua carenagem, um procedimento que ocorre alguns minutos após o lançamento.
No entanto, na transmissão do lançamento, foi possível ver a carenagem de carga útil se separando do foguete Atlas V enquanto ele decolava de Cabo Canaveral, Flórida, em 10 de setembro de 2023. Para muitos, a cena não foi animadora. Detritos, possivelmente do isolamento das conchas da carenagem, caíram enquanto o foguete prosseguia. O lançamento, que em geral ocorre longe da vista do público, teve um elemento de surpresa, despertando o interesse da comunidade em entender o que houve com o foguete.
Esses fragmentos de carenagem poderiam representar riscos a componentes sensíveis da espaçonave. Contudo, a Força Espacial e o Escritório de Reconhecimento Nacional (NRO) não registraram danos aos três satélites lançados. Esse trio de satélites integra o programa Silent Barker, uma colaboração entre Space Force e NRO, que monitora ameaças em órbita.
Segundo fontes, a ULA detectou detritos da carenagem em pelo menos outra missão classificada do Atlas V. Mesmo assim, a ULA e a Força Espacial declararam que o lançamento do Silent Barker e outros voos do Atlas V foram bem-sucedidos. O coronel James Horne, que supervisiona as missões para o Space Systems Command, confirmou que a ULA continua analisando os dados de detritos e implementando melhorias. A empresa se comprometeu a compartilhar informações ao final da investigação.
A ULA também está investigando um problema no novo foguete Vulcan, sucessor do Atlas V, lançado em voos de teste recentes. Em 4 de outubro, durante o segundo voo de teste, a ULA observou que um dos propulsores perdeu seu bocal após a decolagem. O propulsor continuou ativo, e o foguete conseguiu compensar a perda, completando a trajetória. Embora a anomalia tenha sido relevante, o desempenho do Vulcan tranquilizou a ULA e a Força Espacial. Assim, não haverá necessidade de novo teste antes do primeiro lançamento operacional.
Ambos os foguetes Atlas V e Vulcan compartilham semelhanças em suas carenagens, fabricadas pela Beyond Gravity, uma divisão da RUAG, localizada na Suíça. Essa fabricante fornece também para os foguetes europeus Ariane 6 e Vega. O coronel Horne explicou que, apesar das semelhanças no processo de produção, a ULA inspeciona a segurança dos equipamentos em cada missão para evitar problemas recorrentes.
O lançamento do Vulcan para sua primeira missão de segurança nacional está previsto para o fim do ano. A ULA está tomando medidas preventivas para assegurar que o foguete e seus componentes estejam prontos. Caso haja observações adicionais, a Força Espacial seguirá certificando o Vulcan para futuras missões de segurança.
FONTE: ARSTECHNICA