A Comissão Europeia anunciou, em 31 de outubro, que prosseguirá com os planos adiados para uma constelação de banda larga soberana multiórbita. Esse avanço ocorre após a apresentação de uma oferta final por um grupo liderado por um trio de operadoras de satélite nacionais. Essa iniciativa é parte de um esforço mais amplo para fortalecer as comunicações governamentais da Europa, especialmente em um mundo cada vez mais digital e interconectado.
Embora um contrato tenha sido estabelecido para projetar e operar mais de 290 satélites até 2030, o sucesso do projeto ainda depende de negociações finais. Essas negociações devem ser concluídas até o final deste ano. Portanto, a urgência em finalizar esse acordo é evidente, já que os serviços globais também incluirão capacidade para o mercado comercial.
Orçamento e Atrasos
Os serviços de banda larga estavam inicialmente programados para começar em 2027, com implantações de satélites planejadas para 2025. Entretanto, atrasos significativos e custos superiores ao esperado impactaram o orçamento do projeto. O orçamento inicial de 6 bilhões de euros (aproximadamente US$ 6,5 bilhões) para o projeto IRIS² (Infraestrutura para Resiliência, Interconectividade e Segurança por Satélite) agora subiu para cerca de 10 bilhões de euros. Uma fonte familiarizada com o projeto indicou que esse novo valor é, provavelmente, mais realista.
A Comissão Europeia ainda não respondeu a solicitações de comentários sobre esses ajustes financeiros. Entretanto, ela informou em um comunicado à imprensa que começará a compromissar recursos financeiros para o atual quadro financeiro plurianual sob um contrato de concessão de 12 anos. Além disso, foi mencionado que “montantes adicionais poderão ser atribuídos após 31 de dezembro de 2027”, dependendo da adoção de um programa sucessor.
Detalhes do Projeto
Os detalhes da oferta apresentada em 3 de setembro para o IRIS², sob o nome de SpaceRISE — Consórcio Espacial para uma Europa Resiliente, Interconectada e Segura — permanecem em segredo. No entanto, as operadoras de frotas de satélites, como SES, Eutelsat e Hispasat, estão liderando essa iniciativa. Elas são responsáveis por assegurar o financiamento da indústria privada para o IRIS², juntamente com apoio da Agência Espacial Europeia e dos estados-membros da União Europeia.
Inicialmente, os fabricantes europeus Airbus Defence and Space e Thales Alenia Space co-lideravam o SpaceRISE. Contudo, eles assumiram um papel de subcontratados após pressão relacionada a preços e desempenho. Além disso, várias empresas, como a operadora de satélite Hisdesat, a empresa de serviços de voos espaciais Telespazio, a fabricante de pequenos satélites OHB, e as telecomunicações Deutsche Telekom e Orange, também atuam como subcontratadas do SpaceRISE.
Inclusão de Empresas Menores
A Comissão Europeia destacou que a oferta do SpaceRISE inclui medidas apropriadas para garantir a inclusão de empresas menores na cadeia de suprimentos do IRIS². Isso representa um passo importante em direção à diversificação da economia espacial na região. Em sua solicitação inicial, a Europa pretendia estabelecer que pelo menos 30% dos contratos do IRIS², acima de 10 milhões de euros, fossem subcontratados para empresas menores. Essa estratégia visa promover uma economia espacial mais robusta e diversificada em toda a região.
Enquanto a situação avança, a esperança é que essa constelação de banda larga soberana não apenas fortaleça as capacidades de comunicação da Europa, mas também impulsione o desenvolvimento da indústria espacial e contribua para a inovação tecnológica na região.
O Caminho à Frente
À medida que as negociações prosseguem, a Comissão Europeia permanece atenta aos desafios e oportunidades que surgem com o projeto. Com um foco renovado em sua implementação, espera-se que a Europa esteja preparada para competir em um cenário global cada vez mais dominado pela tecnologia espacial. Além disso, a possibilidade de expandir a rede de comunicações por meio da constelação de satélites representa uma nova era de conectividade e segurança para a região.
Esse projeto também reflete um movimento maior em direção à soberania tecnológica, permitindo que a Europa reduza sua dependência de fornecedores externos. Portanto, o avanço dessa constelação de satélites é mais do que uma questão de tecnologia; trata-se de assegurar a autonomia e a segurança das comunicações governamentais e comerciais em toda a Europa.
Enquanto isso, os próximos passos serão observados com grande interesse tanto pelo setor privado quanto pelas autoridades governamentais. Com o tempo, esse projeto pode se transformar em um dos pilares das iniciativas espaciais europeias, influenciando o futuro da comunicação na região.
FONTE: SPACENEWS